Sem venda

Lá estava ela. Não tinha muita certeza de como estariam seus fios de cabelo, muito menos se o perfume ainda banhava sua pele, mas decidida, ela continuava a andar ignorando aquela água que corria pelo seu rosto. Era chuva charmosa que teimava em cair com o sol ainda brilhando, e como ela via de uma perspectiva própria, era só mais um obstáculo para faze-la desistir. Mas ela não iria.

Havia ansiado durante todo aquele dia por aquele encontro, o primeiro sorriso, o marcar de passos com os olhos que ela o faria ter só de passar. Era o plano perfeito que daria certo porque ele estaria lá, não restavam dúvidas.

Contudo ela se esqueceu - mais uma vez - que até nas certezas mais puras um talvez pode brotar mansinho. Ela se esqueceu de não acreditar em estranhos, porque estes tem a mania de não se importar. Se esqueceu que das decisões que não cabem a ela mesma, todo plano futuro é falho.

Quem sou para julgá-la, quando nem sou capaz de julgar a mim mesma. Quando sou eu mesma que sei que quando se ama não há dúvidas, a gente simplismente confia e vai. Quando sou eu mesma que sei que olhar envenenado pelo coração, dispensa venda. Fecha sozinho.