Estalo silencioso

A luz da manhã iluminava todo o quarto queimando tudo a nossa volta, como se nós já não tivéssimos nos dado ao trabalho de por fogo em tudo. Mas o que deve ser levado em conta é a importante diferença de que eu sempre fora inflamável. Sempre me deixara queimar pelos desejos e sonhos que pareciam ser a sua especialidade acendê-los em mim, enquanto você sempre tomora todas as medidas para se manter frio diante a mim. Talvez essa tenha sido a sua principal qualidade de assassino.

Eu me lembro exatamente do primeiro dia em que ti vi. Seu andar descansado, emoldurado sobre o seu velho jeans eram tudo o que meus olhos queriam ver. Você havia se apresentado como o novo garoto e seus cabelos angelicais me encantaram de tal forma, que eu me via transbordando de curiosidade em saber o que eles escondiam. É claro, que mais tarde eu descobriria que nem de perto eles superariam a facilidade com a qual você chega em mim, me fazendo esquecer das próprias palavras que saíram da minha boca.
E foi assim: como num estalo silencioso de luz difusa. Em um momento eu era apenas uma menina insegura à procura de algo que fizesse sentido, no outro eu era o tudo desde que estivesse com você.

Entaõ você está acordando. "Bom dia...". E outrora o sol que nascia sobre nós, agora cai tranquilo pela a minha cabeça deitada no seu peito. Sim, você era um assassino com um trabalho a fazer. O melhor que eu já tinha visto. O matador que roubou meu coração e mais nada havia a fazer se não sussurrar em troca: "Beije-me sob o crepúsculo. Leve-me pra fora, no chão iluminado pela lua. Levante sua mão aberta, faça a banda tocar e faça os vaga-lumes dançarem. A lua prateada está brilhando, então me beije."

*Esse era pra ser o texto da postagem coletiva da Pam, na qual deveríamos iniciar ou terminar o texto com o trecho da música "Kiss Me - Sixpence None the Richer", mas meu computador (temperamental) insistiu em não ligar ontem.