A minha ideia de como fazer a Luisa, namorada do Miguel, ficar com ele não tinha chegado. Eu já estava desesperada e meu caderno de anotações se encontrava repleto de esquemas que não dariam certo, principalmente por alguns detalhes que exigiam atitudes que o Dom Juan dessa hitória não tinha. Eu sabia que ele não agiria sem mim, mas parece que me enganei.- Então Miguel, - ela lhe disse com um sorriso, acho que estava tentando fazer as coisas parecerem melhores. - já encaixotei metade das minhas coisas. Quer ir lá em casa me ajudar a arrumar o resto?
- Tenho que estudar hoje. - Parecia uma proposta tentadora, mas ele não iria ajudar ela a ir embora mais rápido.
- Não vamos fazer disso algo ruim. - Ela foi tocar seu rosto mas ele se afastou. - Vamos facilitar.
- Por que facilitar? - ele estava de costas pra ela. - Eu estou cheio de coisas presas na minha cabeça e eu não vou mas guardá-las.
- Calma.
- Calma? - ele se virou. - Você não precisa ir e sabe disso! Seu pai é adulto cheio de experiencia. Ele vai sobreviver. Mas será que agente vai sobreviver se você for embora?
- Eu pensei que voce entendesse, pensei que me apoiasse. - abaixou a cabeça. - Nós vivemos uma história linda, nos descobrimos a cada dia. Nossas conversas eram músicas inesquecíveis, mas acabou. Amanhaceu e a gente descobriu o que é a realidade, então não vamos piorar.
- Se você não quer mesmo piorar as coisas, da próxima vez que vier falar comigo não venha com o papo de te levar ao aeroporto ou alguma coisa assim... - pausou. - Eu não quero estar lá quando você estiver partindo.
Ele saiu de lá correndo, deixando-a chorando. Parece que o Miguel havia misturado os limites entre dizer a verdade e dizer a verdade cruel - geralmente a nossa verdade, baseada nos nossos desejos. Espécie de egoísmo amoroso. Eu não podia mudar as coisas, mas eu podia tentar conserta-las. Eu ia ter que apelar.
• 1º capítulo
